domingo, julho 10, 2005
Nunca a ouvirás de mim

Nunca a ouvirás de mim. A verdade nua e crua, nunca a ouvirás de mim.

É algo de que nos escondemos, e que enfrentamos como crianças. Como crianças que se escondem do escuro, que tapam a cara, porque o escuro mete medo, como a verdade. Chega disto.

É bom voltar às origens, e entender que sabemos encarar a verdade, como se tivéssemos esse dom adormecido em nós, a precisar de ser estimulado. É bom sentirmo-nos onde realmente pertencemos, e com pessoas que nos pertencem igualmente.

Noites de conversa fiada, sorrisos desentorpecidos.

A alma assente num propósito seguro, de quem defraudou a bem o que se afigurava impensável de contornar, passando por cima, primeiro um pé e depois o outro.

A proximidade engana, e depois magoa. Os sentimentos confundidos são a mais tenaz armadilha do coração, e por mais que nos julguemos imperturbáveis, calha-nos sempre a nós ter de lidar com eles.

Não escondo a verdade. Simplesmente engulo-a, como quem engole um sedativo ineficaz.

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pelo Miguel às 10:19 da tarde | aqui |


16 Comments:


  • At domingo, julho 10, 2005 11:09:00 da tarde, Blogger um cavalo ou um boi

    Como eu percebo bem este texto! E como ele se pode perfeitamente aplicar ao que ando a viver agora...

    "A proximidade engana, e depois magoa. Os sentimentos confundidos são a mais tenaz armadilha do coração, e por mais que nos julguemos imperturbáveis, calha-nos sempre a nós ter de lidar com eles." Meu Deus, é tão "isto"...

    A proximidade engana, sim. O pior é quando confundimos amor com amizade ou simples respeito. Aí a nossa cabeça entra num turbilhão de pensamentos contraditórios e faz-nos não saber como agir, se agir. E, quando se é fraco e inseguro como eu, faz-se o pior: fica-se parado, simplesmente sem saber o que fazer. É triste.

    "Não escondo a verdade. Simplesmente engulo-a, como quem engole um sedativo ineficaz." É lindo e volta a ser "isto".

    *

     
  • At segunda-feira, julho 11, 2005 11:38:00 da manhã, Anonymous Anónimo

    E faço das tuas, as minhas palavras. Muitos beijinhos! **

     
  • At segunda-feira, julho 11, 2005 12:01:00 da tarde, Blogger um cavalo ou um boi

    Bem, já estive toda feliz a ouvir a música que tens aqui agora. (ainda não conhecia).

    =)

     
  • At segunda-feira, julho 11, 2005 3:38:00 da tarde, Anonymous Anónimo

    Foi dos textos que mais me agradou, senão o que mais me sensibilizou mesmo. Miguel, muito obrigada pelas palavras que me deixaste. Um abraço enorme :)

     
  • At segunda-feira, julho 11, 2005 6:23:00 da tarde, Blogger Kuka

    A verdade é a única coisa no mundo incontornável e inabalável. Por isso, deve andar sempre à frente de tudo!
    Bjinhu

     
  • At segunda-feira, julho 11, 2005 7:09:00 da tarde, Anonymous Anónimo

    é melhor assim..? *

     
  • At segunda-feira, julho 11, 2005 10:54:00 da tarde, Blogger moon between golden stars

    Às vezes apetece guardar a verdade bem dentro de nós... tomar uma caixa inteira desses sedativos ineficazes... "...a proximidade engana..." e essa é talvez uma das verdades mais frequentes neste momento...

    digo-te um até já... deixo-te um abraço... e um link no meu mundo da lua e das estrelas

     
  • At segunda-feira, julho 11, 2005 11:49:00 da tarde, Anonymous Anónimo

    É sempre bom ler(-te), principalmente quando é fácil revermo-nos em cada palavra escrita. Escreves bastante bem. E gosto deste misto de sentimento e racionalidade. Sim, foi isso que eu vi no teu texto. Estarei certa? Se não , aceita na mesma as minhas palavras. Mudando de assunto, adorei o comentário que deixaste no meu blog. Eu gosto daquela imagem mas realmente as frases que lhe associei sãoo muito pessimistas. Sou uma pessimista nata. E a vida não está mesmo a correr-me bem. Agradeço-te mais uma vez. Desta vez, o optimismo ali deixado. Beijinhos.

     
  • At terça-feira, julho 12, 2005 9:50:00 da tarde, Blogger Walter

    Agora que te "conheço" nao me admiro com aquilo que escreves! Tens um dom para as palavras e para os sentimentos, e esta é a verdade que ouviras de mim!
    abraço
    walter

     
  • At quarta-feira, julho 13, 2005 1:24:00 da manhã, Blogger isa xana

    e eu por vezes tento engolir a verdade mas ela não deixa e foge e corre e nao consigo escondê-la..

    **

     
  • At quarta-feira, julho 13, 2005 1:47:00 da manhã, Anonymous Anónimo

    http://www.universalmusic.pt/wru/

     
  • At domingo, julho 17, 2005 12:01:00 da manhã, Anonymous Anónimo

    Engraçado...senti assim há algum tempo! Ao ler as tuas palavras, revi-me nelas! Mil beijinhos!

     
  • At domingo, julho 17, 2005 3:13:00 da tarde, Blogger Anjo Caído

    Ao ler as tuas palavras senti-as como se fossem minhas.

    ...compreendo cada uma delas, porque esse é um sentimento que me é tão familiar.

    Parabéns pela forma como te conseguiste expressar!
    beijinhos

     
  • At segunda-feira, julho 18, 2005 12:28:00 da manhã, Blogger SweetSerenity

    "entender que sabemos encarar a verdade" - e sabemos? De tanto nos escondermos e taparmos a verdade, quando nos esbarramos com ela, será que a sabemos encarar? Ou simplesmente voltamos a fechar os olhos, mas desta vez, não por medo, mas por tristeza, por reconhecimento? Quem "simplesmente [engole a verdade], como quem engole um sedativo ineficaz", esconde-a inconscientemente por receio do que pode surgir. É atitude de quem receia, mas também pode ser a atitude de quem desistiu e decidiu jamais mostrar-se, enquanto se puder selar.

    Há muros e vedações que crescem sem fazermos o menor esforço.

    Um beijinho*

     
  • At terça-feira, julho 19, 2005 1:07:00 da manhã, Blogger RealSmile

    Por vezes engulimos a verdade não por querermos mas sim por vermos isso como uma defesa.. uma defesa própria e uma defesa para os outros.. mas nem sempre é o melhor. Vejo isso como um adiar, e por vezes adiar não é o melhor.. ;) ***

     
  • At domingo, julho 31, 2005 11:49:00 da tarde, Blogger J.

    eu acho que me sento à sombra da verdade (ou tento). é mas seguro (embora seja mais doloroso).
    gostei do blog.