As paredes. As paredes é como se possuíssem sentidos. Fixam-se em mim. - “Vives demais as pessoas” - , murmuram.. A cabeça tolda desamparada, e os meus olhos fecham-se. Apetecia diluir-me naquelas paredes. Olhos de cal, mãos de cal, perderia sensibilidade, e ficava simplesmente a ver as pessoas a passarem, conhecia-lhes a rotina, os tiques, as roupas.
No chão estão pedaços irregulares e disformes de papel – “alguém os rasgou” – penso eu. As paredes segredam-me – “são os teus sonhos” - . De facto, o papel, a escrita, sempre foi uma maneira de transcrever os meus sonhos, e uma vez rasgado, implica um sonho desfeito.
Encosto-me à parede, e deixo-me escorregar, fico ao nível dos papéis. Eram sonhos tão bonitos, talvez seja isso, eram bonitos demais.
Etiquetas: escritos
acho que são sempre bonitos..
são sonhos. e são nossos.
[demais.]
bolas..
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