domingo, março 25, 2007
Desabafo IV

Os dias passam sem reacções exuberantes, as paredes já me acolhem com o conforto de quem me abraça há anos, e o chão acomoda-se ao meu espaço num instante, do tecto caem farpas de todas as promessas a que me propus, das ruas chegam gritos de quem me quer demais. Quase que me atrevo a dizer que cada vez mais me canso de ser.

A verdade é que me falta conversa em vez de gritos, que me falta paciência em vez de pressa, e palavras soletradas em vez de discursos confusos. Não, expliquem-me antes o que se passa com vocês. Todos.

Etiquetas:

 
pelo Miguel às 7:46 da tarde | aqui | 9 comments
segunda-feira, março 19, 2007
reinvenção

Dou por mim a escrever sobre promessas, olhares, tristezas, momentos, amor, tudo coisas suaves ao olhar de quem lê, com muito já escrito e muito ainda por escrever. Por isso, por vezes acho bem parar para tentar reinventar um bocado o que escrevo, e o que quero escrever. Escrevo porque são conformidades e atitudes que me deixam curioso, e que procuro compreender exactamente como surgem e o que significam.

Os sentimentos surgem com a mesma facilidade com que são quebrados, e aqui entra a teoria das rotinas que eu defendo: com tanta gente a quebrar sentimentos, acabamos por nos desfazer de toda a sensibilidade que tínhamos ao simples começar e acabar de uma relação, acabamos por banalizar o desenvolvimento e o fim de uma relação de partilha, que supostamente seria eterna.

O que é que se passa com as pessoas? Ninguém parece ter medo de ser deixado para trás, todos se apresentam muito calculistas, sabem até onde podem ir, decoram o que vão dizer e concentram-se no que nunca devem pronunciar, no fundo, reduzem-se a seres amestrados sem liberdade própria. Sinceramente? A mim mete-me medo, muito. Porque eu nunca vou querer ser assim, e todos os dias o evito.

Já não se vivem mais aqueles dias de emoção, e as pessoas de coração acelerado. Bolas.

Etiquetas:

 
pelo Miguel às 10:59 da tarde | aqui | 5 comments
sexta-feira, março 09, 2007
fazes-me falta

Já ninguém se espanta. Entras neste quarto com os passos contados e sem pedir licença, pareces já saber onde mexer, o que arrumar no meio deste caos. Já sabes em que paredes o sol bate, e onde o mal já está feito e não podes mexer, demoras sempre o teu tempo certo todos os dias, como uma dona de casa contratada a prazo. Metes tudo no seu lugar e sais pela porta que escancaraste há minutos, trocamos a conversa mais que banal, e deixamos sempre promessas por concretizar.

Há dias ficaste mais tempo que o costume. Acabamos por falar mais do que o costume, e por ser mais do que o costume. Acho que nesse dia o sol entrou um pouco mais neste quarto.

Etiquetas:

 
pelo Miguel às 9:29 da tarde | aqui | 6 comments
domingo, março 04, 2007
isn't she the prettiest thing ever?


"One thing's for sure pretty baby, I always take the long way home"

Etiquetas:

 
pelo Miguel às 10:53 da tarde | aqui | 1 comments
histórias de vida

Só a vi de longe, nem lhe cheguei a saber o nome, vi-lhe a cara num movimento suave em que afastou o cabelo da face, exausta até ao limite. Contorcia-se na cadeira, de pernas cruzadas, ocupando um espaço mínimo, na mesa tinha uma chávena de café vazia, a debitar histórias de vida, tinha também um cinzeiro a contar horas de espera. Tinha os olhos fragilizados de tanto observar as pessoas, conservava durante muito tempo a mesma posição e aparentava calma, talvez conformada com o modo como lhe corria a vida.
Estava indiferente ao fluxo de gente que lhe cruzava a vista e o espaço, era como um peso morto num caos de gente, chegou a esboçar um olhar pelo meio das pessoas. Procurando algo em que se conseguisse fixar, consegui ver um brilho nos seus olhos. Parecia saber que aquele seria um rasgo no tempo de impacto soberbo, parecia ciente de estar perante um momento único.
Um vulto destaca-se da multidão, um rapaz aproxima-se dela, e num abraço forte mata-lhe a saudade e o tédio de horas de espera. Trocaram cumplicidades e votos para uma vida inteira, finalmente pude vislumbrar o seu sorriso rasgadíssimo e mais que sentido.

As relações de precisar-ter acabam por nos levar sempre a uma recompensa maior que tudo, e vale imenso a pena esperar o tempo que for necessário, sempre. Hoje preciso, e amanhã vou precisar ainda mais.

Etiquetas:

 
pelo Miguel às 6:45 da tarde | aqui | 2 comments
quinta-feira, março 01, 2007
teremos sempre

teremos sempre estas noite sem destino prévio que nos fazem pensar nos porquês do momento. amigos são coisas que não nos aparecem a vulso, e quero preservar-vos para sempre.
 
pelo Miguel às 11:55 da tarde | aqui | 1 comments