Texas - Say What You Want
Nem duas mãos cheias de emoções tínhamos, corríamos cheios de energia por onde nos deixassem, levávamos as palavras gravadas nos olhos e queríamos mostrá-las a todos. Eu chegava sempre depois do toque, mas sabia que ias interromper a professora assim que me sentisses a abrir a porta da sala, o caminho que fazia entre a altura em que me cruzava com a Dona Natevidade, na portaria, e a sala, era sempre a pensar no cheiro que ias ter hoje, no que ias trazer vestido, no que ia saber o teu beijo hoje, sabia sempre a pêssego, tu adoravas aqueles rebuçados de pêssego, mas era sempre um dócil exercício da minha imaginação fértil.
Tinha direito ao abraço mais comprido, ao beijo mais quente, às palavras mais doces.
É impossível não me lembrar de tudo isto quando oiço esta canção, era o que ouvíamos. Nem sabíamos falar inglês, tentávamos cantar da forma mais portuguesa que conseguíssemos, mas cantávamos, e sorríamos.
Hoje isto já não é genuíno, há sempre segundas intenções por detrás de tudo, e as pessoas agem por interesse próprio. Fazem disto um negócio, como se da bolsa de valores se tratasse. Vender, comprar, gostar, não gostar.
Eras mágica, e todos estes pedaços de ti que ainda guardo, guardá-los-ei enquanto tiver vontade própria.
Um abraço, um beijo e até uma próxima vida.
Que bonito, sincero.