sexta-feira, abril 11, 2008
sun will shine from time to time



Texas - Say What You Want



Nem duas mãos cheias de emoções tínhamos, corríamos cheios de energia por onde nos deixassem, levávamos as palavras gravadas nos olhos e queríamos mostrá-las a todos. Eu chegava sempre depois do toque, mas sabia que ias interromper a professora assim que me sentisses a abrir a porta da sala, o caminho que fazia entre a altura em que me cruzava com a Dona Natevidade, na portaria, e a sala, era sempre a pensar no cheiro que ias ter hoje, no que ias trazer vestido, no que ia saber o teu beijo hoje, sabia sempre a pêssego, tu adoravas aqueles rebuçados de pêssego, mas era sempre um dócil exercício da minha imaginação fértil.
Tinha direito ao abraço mais comprido, ao beijo mais quente, às palavras mais doces.

É impossível não me lembrar de tudo isto quando oiço esta canção, era o que ouvíamos. Nem sabíamos falar inglês, tentávamos cantar da forma mais portuguesa que conseguíssemos, mas cantávamos, e sorríamos.

Hoje isto já não é genuíno, há sempre segundas intenções por detrás de tudo, e as pessoas agem por interesse próprio. Fazem disto um negócio, como se da bolsa de valores se tratasse. Vender, comprar, gostar, não gostar.
Eras mágica, e todos estes pedaços de ti que ainda guardo, guardá-los-ei enquanto tiver vontade própria.

Um abraço, um beijo e até uma próxima vida.

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pelo Miguel às 1:46 da manhã | aqui |


3 Comments:


  • At sexta-feira, abril 11, 2008 5:48:00 da tarde, Anonymous Anónimo

    Que bonito, sincero.

     
  • At sexta-feira, maio 02, 2008 11:14:00 da manhã, Blogger PanÓptica

    Ainda que portas se fechem, que o mundo esteja de costas, que não mais se saiba lutar pelo que quer que seja, que não mais se saiba amar o que está para além do eu, que não se ouça o que por dentro remexe e sim se procure o que de fora enfeitado vem... Por mais que se perca a beleza dessa ingénua forma de descobrir o que é amar... Há sempre um porto algures esperando ser descoberto por acaso, há sempre quem olhe mais dentro para ver os mares que dançam noutro ser humano. De amor o mundo ainda é feito. Por mais que os dias por vezes adormeçam a essência humana.

    Belo texto, sentido.

    Parabéns!

     
  • At domingo, maio 04, 2008 11:45:00 da tarde, Blogger Saulo Chanoca

    Não tenho a certeza, mas acho que sei para quem eram esses rebuçados.

    Mais do mil palavras cada uma com um vocabulário diferente em cada sílaba, deixo-te com uma anuência e uma certeza,

    Devo anuir que as corridas de outrora são preconceitos de hoje e tenho a certeza de que de futuro só piorará,

    Pois que piore, preserva é essa sensação a pêssego.

    Grande abraço rapaz.