terça-feira, julho 17, 2007
aprender a viver

Juro que te consigo ver a ser espezinhada como eu, no meio de toda esta gente que passa e não passa por nós. Que nos trespassa como quem joga dados num jogo a brincar. Não te assustes. As pessoas funcionam como máquinas, sabias? Ninguém sente o que diz, e ninguém faz o que quer. Acho que nem mesmo eu.

Não podes é levar ninguém a sério, por favor. Limita-te ao que está realmente ao teu alcance, ao que podes mesmo fazer, à "realização pessoal para bem pessoal", como eu lhe gosto de chamar. O resto virá por acréscimo. Os sentimentos? Desfaz-te disso o mais cedo que puderes, ninguém aqui se agarra com pés e mãos ao que quer que seja. Criam-se rotinas, apegos e ficas com tudo colado na testa da imaginação, sem nunca te conseguires realmente afastar do que outrora te encheu. Por isso faz-te comprometida, e saberás bem quando te afastar.

E todas as coisinhas que ainda te vão sobrar, mata-as com o tempo. Não há nada melhor. Tudo o que te fez sentir o mundo entre os dedos, e o peito cheio de palavras bonitas para dizer. Tens de esquecê-lo. Eu não consegui, agarrei-me de mais.

Esquece. Levanta-te e faz-te à vida. Eu cá já me habituei demasiado a isto, a ficar para trás, para onde mais ninguém volta a olhar.

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pelo Miguel às 2:37 da manhã | aqui |


8 Comments:


  • At terça-feira, julho 17, 2007 11:07:00 da manhã, Blogger Walter

    Ao ler este teu texto...senti-me eu proprio espezinhado!Nunca um texto teu teve tanto eco em mim!parabens pelo sentimento destilado em cada palavra
    abraço

     

  • At terça-feira, julho 17, 2007 9:38:00 da tarde, Blogger Maria

    Talvez as nossas vidas tenha mudado e isso nos tenha mudado também a nósum pouco. Mas acho que continuo a mesma, apesar de tudo. E tu também, talvez...

    E quanto a isto... temos de combinar um café, Miguel. Já há tanto tempo que andamos a prometê-lo e moramos tão perto... Não se admite, ahah.

    Espero também não te perder de vista.

    (o teu registo confessional está apuradíssimo e espero - quero acreditar - que estejas bem. merece-lo.)

    *

     

  • At terça-feira, julho 17, 2007 10:56:00 da tarde, Anonymous Anónimo

    eu prefiro ficar para tras do q largar essas coisas...



    *

     

  • At quinta-feira, julho 19, 2007 10:57:00 da tarde, Blogger RealSmile

    e como não nos agarrarmos ao que parece bonito? por mais sorrisos amargos que surjam, as lágrimas de alegria embebam-nos num oceano de emoções inexplicáveis e tão desejadas ;) *

     

  • At segunda-feira, julho 23, 2007 10:15:00 da tarde, Anonymous Anónimo

    Sou espezinhada, de facto. Somos sempre. E constantemente. Mas se sou é porque houve algo antes que valeu a pena. Se sou é porque fui parva outra vez e perdi a oportunidade. Tenho feito por elas, ao menos. E isso faz com que o espezinhamento seja menor. E tu? Tens feito por ires para outros caminhos que compensem o ser espezinhado? É que, como dizes, isso faz aprender a viver. As pessoas jogam connosco, somos bonecas nas mãos de gente que se desprende facilmente. Sim, aprende-se a ser assim também. Ligeiramente, controladamente. Porque, no fundo, não passamos das mesmas pessoas espezinhadas. Mas levanta-se a cabeça, diz-se que não faz mal e anda-se em frente.

    Resulta, acredita-me.

     

  • At terça-feira, agosto 14, 2007 11:13:00 da tarde, Blogger Rita

    parece-me que, também eu, vou ficar para trás, então...

    pelo menos, já tens os meus olhos a verem-te. nada mau, hm.


    *

     

  • At segunda-feira, setembro 17, 2007 11:58:00 da manhã, Blogger SweetSerenity

    Não queres ser o meu representante das palavras? Talvez me exprimisse e fizesse compreender melhor.

    Os teus textos enchem-me e é uma alegria descobrir uma linha a seguir à outra, uma palavra após outra.

    Já me esquecia como era ler-te. Há uns tempos grandes que não te visitava. Peço desculpa. Só fiquei a perder.

    *

     

  • At quarta-feira, setembro 19, 2007 9:16:00 da tarde, Blogger Ana

    acho que todos somos assolados por o que tu caracterizas como "aprender a viver", mas pelo que a vida me deu a conhecer até agora e por aquilo que eu quis vivenciar na 1a pessoa posso fechar-me em mim por momentos mas sabe-me bem agarrar-me aos sentimentos, a todas as "coisinhas que sobram" porque eu sou toda vísceras e coração.
    parabéns pelas palavras que embriagam quem aqui vem e que nos fazem querer ler sempre mais, visitar-te outra e outra vez,)*

     
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