sinto o vento pentear-me o rosto. aos poucos vou-me sentindo vivo outra vez, sabias? ainda estou de ressaca de gostar tanto de ti. mentira. ainda nem estou de ressaca. não me consigo largar dessa dependência.
"well i left my baby for a dream as lovely, for a love that's only in books i read. and then i hit the cities, spent all my money, i just left my whole life in a taxi cab. cause it's just a memory, i can't love completely, when you're really with me, i'm indifferent." diz a música, e digo aos teus ouvidos todos os dias. merda. não és tu, não está aqui ninguém. tenho estado sempre a falar sozinho, afinal.
ontem gritei à janela porque nunca mais me ouviste. foi em desespero mas tenho de te fazer sentir-me, tens de ter arrepios com a minha proximidade, tens de te mostrar e demonstrar, desfazer-me de equívocos de uma vez por todas. tens, porque senão eu morro. eu não vivo. eu deixo de ser. fico saudoso.
não digo que te amo, porque ninguém sabe o que isso é ao certo.
Enquanto olhas aí de cima, eu tremo aqui em baixo. Não tenho explicação sensata para a minha maneira de agir, só o medo. E eu não sou assim. Não me escondo, não fujo. Mas assusto-me, com o que significas para mim. E fiz daquelas promessas descartáveis, de não perder a sanidade tentando ganhar mais de ti. Mas acho que estou a perder. A aposta e a sanidade. Mas depois penso, estamos sempre a apostar, não é? A apostar fazer, ser, sentir, ter. E eu não te tenho. Por isso perdi.
Ainda hoje entrelaço os dedos, à procura das sensações que nunca descrevi quando os dedos eram os teus e os meus. Os nossos, muito nossos. Quando olhava para ti, o mundo éramos nós. E agora não consigo aceitar que não há volta a dar.