"Sentes-te sozinha, ou sentias, não é? Sabes eu sinto-me sozinho todos os dias, sem excepção, nem que seja só 5 segundos por dia mas sinto. E tu deixas de te sentir sozinha, porque sentiste que tens pessoas que te perguntam como estás, e sei que pensaste que noutra altura, se calhar distante, não sei, não me interessa, mas pensaste que já foste feliz. E que já te sentiste "acompanhada". E não quero que fales agora, não quero que escrevas nada, só me vai fazer parar de escrever. Mas diz-me, diz-me sem falar, diz para ti, que eu oiço, diz-me como é que é? Como é que é sentireste bem com outra pessoa, e pensares quando estás mais deprimida, nessa outra pessoa que noutra altura, esteve contigo, e te deu miminhos, e te fez sentir bem, que poisou a cabeça nos teus ombros, que se riu para ti, com o melhor sorriso possível, um sorriso rasgado, como é? É bom, n é? Deve ser óptimo! E como é teres perfeita consciência de que sempre que quiseres, terás pessoas interessadas em ti? Terás amigos que gostam de ti mais do que tudo, e que estão dispostos a ouvir-te. Como é? É bom! Claro que é. E sabes, há coisas que nunca ninguém, mesmo ninguém vai entender, coisas que se passam, e que se passaram comigo, nunca ninguém vai entender completamente a minha realidade, e eu posso tentar explica-la em mil e uma palavras, que vou continuar a ser insuficiente. E por isso eu fecho-me no meu mundinho deprimente, e mostro as pessoas que está tudo bem. E eu quero que continues sem escrever. E agora vou-te dizer que me vou embora, sabes que mais? Que se foda! Amanhã vou reler o que escrevi agora, e vou-me arrepender, até já me estou a arrepender agora, mas vou fazer uma coisa óptima, vou-me embora daqui, e pensar para mim que vou dormir, mas não vou, porque dou voltas na cama e não consigo. Vou ver um filme, um filme qualquer que me faça pensar que as coisas um dia vão ser boas, porque vão, não vão? NÃO VÃO?! Vão, vão. E vou-me embora daqui. Não te digo adeus, e não me dizes adeus porque odeio despedidas. Tenho saudades de falar contigo Tenho de saudades de como eras, e de como éramos, mas não quero com isto, mudar nada. Quero que se mantenha tudo assim, porque se assim está, é assim que tem de estar, é assim que tenho de sobreviver. Aliás, não leias isto, não voltes a ler isto, e vai tudo ficar igual, vou sorrir como se estivesse tudo bem, como sempre fiz, e tu não vais reler isto. E vou-me embora. E não escrevas."
Todo aquele fumo a intimidar-me, não me deixou desvendar a tua cara por completo. Mas garanto-te que a vida nunca me soube tão equilibrada, sem tristezas a penderem, só desafogos de sorrisos.