Nego à partida as tréguas que nos corroem dia e noite, aquelas a que nos propusemos num fim de tarde qualquer, de diálogos despreocupados e mil e uma promessas. O mundo deixou de me parecer claro aos olhos, já não existe tanto por revelar, já não vejo pormenores deliciosos por denunciar, já não vejo sinceridade nas gentes que se cruzam pelas ruas onde outrora o sol levantava o véu às almas dos viajantes.
Reagimos por estímulos, e isso deixa-nos vulneráveis ao que quer que seja.

Assiste-se permanentemente a um desfile de fantoches bem ensinados, com prosas bem sistematizadas, com a lição mais do que bem decorada sobre como agradar aos desprevenidos, como arrancar-lhes o sorriso da cara e fazê-los sonhar alto. Existe cada vez menos verdade nestes dias que lutam contra o pesar dos ponteiros, existem cada vez menos pessoas fiéis aos ensinamentos abençoados ao nascer.

Reagimos por estímulos, é algo que nos está inerente.

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A partir de hoje, estou também num blog conjunto, o Antagonismos, onde, com o Agno Bios debatemos ideias, e abatemo-nos mutuamente em vários temas. Antagonismos, no fundo.

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O que temos é um presente remendado, remendos de seda que nos vergam a acreditar em dias de sol cheio. E por vezes, o passado assalta-nos e pinta-nos a cara de nódoas sem antídoto. E aí, percebemos que termo-nos de forma sã, é a única coisa que nos mantém agarrados à vida, e à vontade de a ter entre mãos.

E uma folha de papel pautada, fazendo-se acompanhar de uma caneta tosca, fazem de nós as pessoas mais calmas naquele instante em que tudo pára e as letras fazem de nós reis do dia.

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