quarta-feira, dezembro 29, 2004
Nem

Cada gesto teu, cada simples gesto, inspira-me em cada palavra que escrevo nestas noites sem sono.
Não fazes ideia, pois não?
Nem imaginas como me sirvo de todas aquelas condicionantes da noite que eu amo, só para me lembrar dos poucos momentos que passámos, nem imaginas como eu revolvo cada um desses momentos, procurando o mais ínfimo, estúpido e insignificante promenor. Nem imaginas como eu desespero para que olhes para mim, nem que seja por um mísero segundo, nem imaginas como isso me faz bem.

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pelo Miguel às 11:18 da tarde | aqui | 0 comments
sábado, dezembro 25, 2004
Saturado

Não gosto do natal. E não gosto disto que estou a sentir. Porque é que é sempre tudo tão igual? Independetemente da pessoa, e das minhas atitudes vou ser sempre assim? Vou sempre ter a este beco, de cujas paredes eu já conheço o traço, e de cujo chão frio já estou habituado? Preferia ficar para sempre lá fechado, e não mais voltar. Atingi o ponto de saturação máxima, já não suporto esta saudade alucinante daquela dia que nunca chegou.

À medida que estas palavras vão aparecendo no monitor, ao ritmo do bater dos meus dedos nas teclas, uma tímida lágrima aparece no canto do olho.
Tem de ser sempre assim?
Esta vida não pode acabar agora mesmo, este vazio por preencher não se pode simplesmente extinguir, auto-consumir-se de vez, e abandonar este corpo desfeito?
Não?

"but what can I say now?
it couldn't be more wrong
cos there's no one there
unmistakably lost and without a care
did we lose all the love that we could have shared?"

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pelo Miguel às 1:34 da manhã | aqui | 0 comments
quarta-feira, dezembro 22, 2004
Vejo-te

Já não me vês há uns dias. Eu vejo-te sempre que quero. Basta fechar os olhos.

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pelo Miguel às 11:05 da tarde | aqui | 0 comments
terça-feira, dezembro 21, 2004
Repetição

E este tema de escrita tão repetitivo incomoda-me cada vez mais, prende-me os movimentos da mão, à medida que a tua imagem se repete a uma velocidade estonteante, que me deixa sem reacção. Só tenho vontade de berrar à janela que te quero, muito mesmo. E quero-te cada vez mais, num querer que já não cabe mais em mim. Vou enxer o peito, e gritar ao mundo que te quero, vou gritar cada palavra como se fosse única, e o teu nome, vou gritá-lo até o ar me faltar.

Cada vez que estou sozinho, moldo diálogos entre nós, ao meu jeito, ponho palavras na tua boca, aquelas que gostava que um dia dissesses, imagino-te a sentir aquilo que sinto. No entanto, não passa do encenar de vários sonhos, de um monólogo a duas vozes, vozes de um saudável obcecado por um ser singelamente perfeito aos seus olhos.

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pelo Miguel às 11:17 da tarde | aqui | 0 comments
domingo, dezembro 19, 2004
Nunca

"Nunca me esqueço de que sinto."
Fernando Pessoa

Faço minhas as palavras deste senhor que tanto admiro.
Daqui a pouco vou sair de casa, para ir assistir a um concerto de outros senhores, os Toranja. Tenho o pressentimento de que me vai fazer bem.

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pelo Miguel às 6:49 da tarde | aqui | 0 comments
quinta-feira, dezembro 16, 2004
Imóvel

Os pés ficam atados ao chão, o corpo não responde, o medo de falhar sufoca a garganta e engasga cada palavra que tenta fintar o receio, o receio que se opõe à minha vontade de te dizer tudo, simplesmente tudo.
Matenho-me estático e imóvel, as mãos pálidas e sem vida estendem-se no ar, obedecendo às instruções dos olhos, que incrédulos vêm passar o teu vulto mesmo à sua frente.
És tanto para mim.

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pelo Miguel às 5:16 da tarde | aqui | 0 comments
segunda-feira, dezembro 13, 2004
Conta Final

Pondero a minha existência pelos ponteiros do relógio. A cada respiração palpitante libertada pelo meu coração sôfrego, subtraio mais um segundo à conta final que termina no último sopro forçado.

Não quero morrer, não quero simplesmente desaparecer sem deixar bem vincada a minha presença neste mundo onde reina o instinto de cada um. Que cada segundo passe como se do último se tratasse, que cada hora seja recordada tão ou mais especial que a anterior, que cada dia produza um efeito entusiasmante. Que me sejas como eu quero, que me dês vida.

Quando tiver encontro de hora marcada com a morte, quero poder recebê-la com um sorriso rasgado e perfeitamente ciente do porquê da sua chegada: já ter vivido tudo o que há para viver.

Ajuda-me a Ser assim.

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pelo Miguel às 8:04 da tarde | aqui | 0 comments
domingo, dezembro 12, 2004
Desabafo

Cansei-me de agradar a toda a gente, agora sou simplesmente como sou, e não como fui.
Basta, ja não suporto estar sempre deslocado no meio desta merda toda.
Hoje fugi, morri para toda a gente. Tranformo-me num autista dentro de mim, sem olhar a meios para me tornar indiferente a tudo e todos. Sigo este trilho que anuncia a morte, e não vou parar agora.

A ti, só gostava de te dizer tudo o que escrevo aqui, de deixar de me esconder por detrás deste monitor. Não, não é o fim.. É só mais um desabafo, acima de todos os outros.

Não sei se me desculpo, ou se peço que me desculpes. Mas sei que me corrói a alma, e me esgota a esperança, esta luta contra a minha teimosia orgulhosa, que me retira todos os dias o crer e a força para te conquistar, nem que seja pela última vez.

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pelo Miguel às 7:19 da tarde | aqui | 0 comments
quinta-feira, dezembro 09, 2004
Horizonte






"..Beyond this beautiful horizon
Lies a dream for you and I
This tranquil scene is still unbroken by the rumors in the sky
But there's a storm closing in
Voices crying on the wind
This serenade is growing colder breaks my soul that tries to sing
And there's so many, many thoughts
When I try to go to sleep
But with you I start to feel a sort of temporary peace.."

Anathema, Temporary Peace


Parte de uma música (mais uma) de Anathema, da qual eu gosto muito. Continuo a sonhar acordado contigo, é tão bom.
Quando te vi, nunca pensei que me fosses derreter tanto este coração que já foi de pedra.

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pelo Miguel às 4:36 da tarde | aqui | 0 comments
segunda-feira, dezembro 06, 2004
Lapso

Estou agarrado a este lapso de vida. Sou íngrato perante as coisas que tu desejas, só queria fazer parte de ti, mas apenas sou mais um rapaz a quem dás dois beijos todos os dias e para quem soltas esse sorriso que tanto me fascina, às vezes nem isso eu consigo receber de ti.
E custa-me, custa ter de me aperceber destas coisas assim, tão violentamente, custa ver-te ao longe.
Mas ao mesmo tempo eu quero continuar a alimentar aquela esperança, aquela chamazinha que arde bem forte cada vez que eu te sinto perto.


E aqui estou eu, sentado nesta cadeira velha, num quarto sem luz, privado de janelas, cerrado por uma porta sem fechadura, onde todos os dias espero ao frio que apareças, para acabares de vez com isto tudo.

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pelo Miguel às 9:27 da tarde | aqui | 0 comments
domingo, dezembro 05, 2004
Are you there?

Esta 6ª feira tive a oportunidade de assistir a um concerto da minha banda preferida, Anathema. Não era um concerto qualquer, realizou-se no auditório do IPJ e era limitado a 175 pessoas, entre as quais, eu. Além disso, devido a problemas com a editora, somente 2 membros da banda, os 2 irmãos, Vincent e Daniel Canavagh, puderam estar presentes, fazendo-se acompanhar por um senhor que tocava violoncelo. O concerto foi acústico e percorreu todo o historial desta banda, e ainda tivemos direito a 2 covers, uma de Pink Floyd e outra de Radiohead, e muito boa disposição, foi muito bom!
Durante aproximadamente duas horas, eu reconheci alguém que sente como eu sinto, alguém com quem eu me identifico.

Aqui fica a letra de uma música que me tocou nessa noite.


Are you there?
is it wonderful to know
all the ghosts...
all the ghosts...
freak my selfish out
my mind is happy
need to learn to let it go
I know you'd do no harm to me

but since you've been gone I've been lost inside
tried and failed as we walked by the riverside
and I wish you could see the love in her eyes
the best friend that eluded you lost in time
burned alive in the heat of a grieving mind

but what can I say now?
it couldn't be more wrong
cos there's no one there
unmistakably lost and without a care
did we lose all the love that we could have shared
and its wearing me down
and its turning me round
and I can't find a way
now to find it out
where are you when I need you...

are you there?


Anathema, Are you there?

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pelo Miguel às 8:30 da tarde | aqui | 0 comments
sábado, dezembro 04, 2004
Sorrir

"Hoje saí à rua a distribuir sorrisos pelas pessoas. O tempo estava cinzento, a chuva pingava à minha frente, no chão coberto de folhas secas que lentamente caem das árvores. É outono, e eu gosto.
Se calhar estou feliz, mas é como se tivesse medo de escrever sobre isso, como se receasse os motivos que me levam a estar assim. Mas sabe bem, muito bem, e só o tenho a agradecer a ti, que tornaste isto assim. A ti, e aos outros que lá estavam."

1/12/2004

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pelo Miguel às 11:03 da tarde | aqui | 0 comments